22.4.07

| yes, nós temos palavras!


| A linguagem determina um povo, um grupo, uma casta da sociedade. E é fato que os processos de formação da cultura perpassam pela questão da língua. A própria língua é determinante da identidade de um setor ou classe dentro da sociedade. Nossa necessidade de vagar por entre os níveis lingüístico-culturais promove-nos a capacidade de adaptação, criação e assimilação de novos conhecimentos, saberes e idéias.
| Ao entrarmos em um determinado nível da multifacetada organização da língua e ali exercermos plenamente e com eficiência – a razão pela qual a “divisão” da língua é validada e sustentada – a “modalidade” em “funcionamento”, fomentamos a base para a construção sólida e eficaz de vínculos sócio-ideológicos. Estes “elos” nos são transmitidos pela língua, que apesar de pluriforme, lhe assemelham outros traços que permitem o “diálogo” condizente entre os falantes. A identificação de cada falante como um item social de uma dada cultura requer mecanismos que atuem, ao mesmo tempo em que são executados, na formação de uma afinidade lingüística, sorvendo o meio e replicando-o de variadas formas aos demais usuários. Seria deveras trabalhoso reconstruir esses deltas de afinidade lingüística toda vez que travássemos quaisquer tipos de assuntos para com o outro em nosso idioma. Mais ainda. A própria questão idiomática está aquém da afinidade lingüístico-cultural. Um exemplo claríssimo deste fato mostra-se evidenciado ao observar a composição da própria língua portuguesa efetuada no Brasil, com suas bases indígenas, africanas e européias.
| Logo, a localização no espaço-tempo de uma dada sociedade ou parte dela que tenha os mesmos laços maternos de língua (nosso caso, por exemplo) será aguçadamente marcada por caminhos distintivos tanto do campo da estrada etimológica como no de valia semântica e, por aquisição e/ou empréstimo, na apropriação dos traços de linguagem decorrentes das mudanças sociais. As influências comportamentais de potências econômicas mostram a veracidade da premissa... Nosso início de século XX foi de um glamour assaz aprazível; já seus meados cintilaram ao som do rock'n'roll... Quem é o louco a negar uma possibilidade de nosso angu ser “servido” daqui a pouco ao molho Zien Xi?


| possui referências deste texto? reporte-nos